quinta-feira, 28 de novembro de 2013

150 dias


Não vi o armário novo chegar. Não comemorei o 59˚ aniversário da minha mãe. Não fui a festa de um ano da Rafa. Não pude receber pessoalmente a notícia da gravidez da Paula. Não vi meu time subir para a primeira divisão. 150 dias distantes  de um abraço familiar, do café da vó, das roupas passadas de casa, das caronas do irmão, das músicas matinais para a irmã, das reuniões na casa da Rose, do strogonoff da Neide, dos sobrinhos queridos, do ônibus com as Carols, dos apelidos para a Robenilda.

Mas em compensação, 150 dias de aprendizado diário, de amadurecimento constante, do novo batendo na porta, das decisões frente a frente. Nesses 150 dias pude realizar o sonho da minha vida e ver de perto que a Torre Eiffel existe, reluz imensa, imponente. Que a Irlanda é tão verde quanto nos filmes. Que o inglês não é assim tão difícil quanto parecia. Que viver sozinha não é estar sozinha. Que as coincidências da vida nos acompanham.

Sair da zona de conforto e enfrentar o desconhecido não é tarefa fácil. Mas é gostoso. Conhecer gente nova, com histórias diferentes, realidades tão distantes e as vezes tão próximas. Saber que existe no mundo pessoas que não se importam com o que você tem e sim com quem você é. Saber que a catedral que está no seu caminho diário de ida e volta tem anos de história e resistência. Tudo isso não tem preço. Ou tem, mas não é mensurável em relação ao que se vive.


Saudade ainda é uma palavra constante nesses 150 dias. As vezes ela engole a gente, já dizia Chico Buarque. Mas o objetivo, que ainda não foi concluído, ainda é o farol que brilha e que me conduz na estrada. Virão muitos 150 dias. Virão ainda histórias, boas histórias para contar. E essas também vão virar saudade. 


Um comentário: