terça-feira, 8 de abril de 2014

Beijinho no ombro


Seus olhos verdes brilham ao falar da sua mais recente profissão que garantiu seu sustento nos últimos quatro meses e garantirá uma volta tranquila ao Brasil em Maio.

Ao som das músicas sensuais e das luzes da boate ela viu sua auto estima ser elevada. Desejada por homens de todas as nacionalidades, Bruna, seu codinome no trabalho, dança com roupas sexys levando os homens alcançarem os desejos mais lascivos sem poder tocá-la.

A arte da sensualidade é uma técnica milenar. Eva persuadiu Adão a comer o fruto proibido. Dalila usou da sua beleza para conquistar Sansão. Com Bruna não é diferente. Ela desfila pelo salão com suas mínimas roupas e seu olhar sensual provocando a curiosidade masculina. O prêmio? Convencê-los a comprarem um dança privativa. Bruna trabalha seis noites por semana em uma casa de Lap Dance, em Dublin. Por apenas 6 minutos de dança são pagos 50 euros, desse valor, 40% fica para Bruna, 60% para a casa que ela trabalha. Esse, claro, é o valor mínimo. Inebriados pela sua sensualidade, os endinherados chegam a comprar 1 hora ou mais apenas para terem sua companhia.

Os objetivos que a levaram a dançar na noite são inúmeros. Cansada dos baixos salários dos sub empregos da cidade, obejtivos de voltar para o Brasil melhor do que quando embarcou, são alguns deles. Perguntada se gosta do que faz: “Eu adooro”, ela responde.

Ser desejada eleva a auto estima de qualquer mulher. Ela se sente valorizada e segura. Escolhe com quem vai ter um encontro hoje, conhece seu tipo de homem ideal e sabe se defender muito bem. Programas? “Não, obrigada”. Já recebeu inúmeras propostas de passar a noite com os bem sucedidos da cidade. Donos de pubs, empresários, entre outros, pagariam mais de mil euros para tê-la ao lado. Para ela isso não é interessante: “Se eu sair com ele hoje ele não volta para me ver dançar e perco um ótimo cliente. O objetivo é despertar o desejo, não saciá-lo”.

Já faturou 4 mil euros em um mês e diz que isso ainda é pouco. Algumas colegas conseguem isso em duas semanas. O único prejuízo é não ter uma vida social mais ativa. Enquanto suas amigas frequentam festas e pubs as sextas e sábados, ela garante alguns meses de descanso.

Esse furacão sensual tem nome, sobrenome (que obviamente não serão revelados), 50 kilos, diploma de Publicitária, 1 belo par de seios siliconados e sonhos como qualquer jovem de 28 anos. Há quatro meses tenta dormir de dia, alterou  toda sua rotina, come menos do que antes, mas não perde o bom humor. As vezes ácida nos comentários e conselhos para as amigas, não aceitar vê-las enganadas em nome do amor.


Os planos futuros são muitos. Voltar para o Brasil, matar a saudade da família, construir uma nova vida em uma cidade brasileira com uma qualidade de vida diferente da de São Paulo, mas não antes de conhecer Berlim, “Se não volto frustada pro Brasil, né”.

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